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O prazo de validade da maquilhagem interessa? Até quando é seguro usar?

2 Out 2023 - 11:06

O prazo de validade da maquilhagem interessa? Até quando é seguro usar?

Quem usa maquilhagem – seja todos os dias, seja “quando o rei faz anos” – sabe que há produtos que vão ficando por usar durante mais tempo do que o suposto (e do que o prazo de validade indica).

Há sombras com tonalidades que não se usa tantas vezes, produtos que foram comprados apenas para um evento especial ou alguns cosméticos que podem ter ficado esquecidos numa gaveta.

Exemplo disso são as malas de maquilhagem, que juntam numa só caixa vários tipos de cosméticos (desde sombras a batons) e que ficam guardadas durante meses ou anos sem serem utilizadas.

Antes de voltar a usar um destes produtos, há várias questões que se colocam: será que ainda estão bons? Como é determinada a validade dos cosméticos? Qual o tipo de maquilhagem mais propensa a contaminação? E quanto tempo se pode guardar estes produtos?

Como se determina a validade de um produto cosmético?

A validade dos cosméticos é determinada após a realização de três tipos de testes de estabilidade: um antes de abrir a embalagem, um depois de abrir e outro de degradação acelerada. Esta testagem é realizada pelas empresas responsáveis pela produção dos cosméticos antes destes serem postos à venda.

Segundo o regulamento europeu 1223/2009, os produtos devem conter informação sobre a “data até à qual o produto cosmético, armazenado em condições adequadas, continua a desempenhar a sua função inicial”, a chamada data de durabilidade mínima. 

No caso dos produtos que têm uma durabilidade mínima superior a 30 meses – algo que abrange uma grande parte dos cosméticos – a indicação da data do fim da validade “não é obrigatória”. 

As embalagens devem indicar, no entanto, “o período durante o qual o produto cosmético é seguro após a abertura e pode ser utilizado sem causar danos ao consumidor”.

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Esta informação é referida na caixa do produto através de um ícone semelhante a um boião aberto, seguido por um algarismo e uma letra – M para meses ou A para anos.

Ao Viral, Sara Fernandes, farmacêutica especializada em dermocosmética e autora do blog Make Down, explica que uma grande parte dos cosméticos tem uma validade de prateleira (quando estão fechados) superior aos 30 meses definidos nos regulamentos. A durabilidade mínima é uma “garantia do fabricante de que até àquela data não haverá contaminantes”.

Uma vez abertos, alguns produtos são mais propensos a contaminação e outros têm componentes que se podem estragar. A água é um dos compostos que aumenta o risco de contaminação do cosmético: “Se os produtos não contiverem água, os microrganismos não se desenvolvem”, lembra a farmacêutica. 

Quais os produtos de maquilhagem mais propensos a contaminação? 

As bases e corretores de olheiras são “emulsões” e, por isso, contêm água e outros óleos. “De todos os cosméticos, as bases e corretores acabam por ser os que sofrem maior contaminação”, esclarece a Sara Fernandes. 

Além da contaminação associada à presença da água, também os óleos podem oxidar, estragando o produto.

Outros cosméticos que devem ser descartados após o fim do prazo de validade referido na embalagem são os de aplicação oftálmica que sejam compostos por água. A contaminação destes produtos poderá levar ao desenvolvimento de infeções oftalmológicas ou conjuntivites.

Os batons também podem estragar-se, uma vez que são compostos por óleos e cera, que “oxidam e podem rançar”.

Esse processo é “muito fácil de identificar”, afirma Sara Fernandes, uma vez que o produto fica com “cheiro e sabor” diferente. Além disso, no caso dos batons, o contacto com a boca pode aumentar o risco de contaminação.

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Os produtos com menor risco de desenvolvimento de bactérias e fungos são os cosméticos em pó, nomeadamente as sombras dos olhos e os blushes, uma vez que “são anidras, não têm água”. “E sem água os microrganismos não se desenvolvem”, reforça a especialista.

Apesar de ser “relativamente seguro usar estes produtos, mesmo passando o período legal”, Sara Fernandes apela ao bom senso na hora de aplicar os produtos.

Se o cosmético parecer estranho, deitem fora. Se já não conseguir formar a sombra ou se houver alguma alteração, podemos estar perante um produto estragado”, apela.

Outro sinal de que o cosmético está contaminado por bactérias ou fungos é o aparecimento de pintas brancas ou pelos no conteúdo. Nesse caso, o produto deve ser descartado imediatamente para evitar possíveis complicações ao nível dermatológico.

No caso das malas de maquilhagem, que contêm vários tipos de cosméticos – sombras, blushes, batons, entre outros –, aplicam-se as mesmas indicações para os diversos produtos. 

Antes da comercialização, os cosméticos são testados no invólucro original a fim de determinar a validade do produto dentro de uma determinada caixa.

Sara Fernandes deixa dois conselhos para, uma vez abertos, manter os produtos seguros e conservados durante mais tempo. 

O primeiro passa por não guardar a maquilhagem na casa de banho por este ser “o sítio mais húmido da casa” e, por isso, mais propenso ao desenvolvimento de bactérias e fungos.

O segundo conselho diz respeito à utilização de pincéis limpos na aplicação dos produtos, uma vez que “quanto mais contaminado estiver o pincel, mais vai contaminar a maquilhagem”.

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Em suma: os produtos cosméticos têm uma validade baseada nos testes de estabilidade realizados pelas empresas antes da comercialização. 

No entanto, alguns tipos de maquilhagem podem ser mais propenso a contaminação por microrganismos, por terem água na sua composição, ou menos resistentes ao tempo, por conterem componentes que oxidem. 

De qualquer maneira, deve verificar sempre se o produto mantém as condições originais antes de o aplicar na pele.

Artigo atualizado às 13h53, de 3 de setembro de 2023, para retirar o parágrafo que continha um decreto lei sobre a durabilidade mínima dos cosméticos que já não se encontra em vigor

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Pele

2 Out 2023 - 11:06

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